Alguns anos atrás, diversas regiões do Brasil enfrentaram (e algumas ainda enfrentam) uma grave crise hídrica, deixando milhões de torneiras secas e tirando o sossego de muitas pessoas. Para ajudar a população a passar por esta situação complicadora, as três esferas do poder público fizeram um forte apelo para que as residências consumissem água com cautela.
Neste cenário, uma temática de grande relevância ganhou destaque juntamente com a economia de água: trata-se da pegada hídrica, um indicador criado por uma organização internacional sem fins lucrativos chamada Water Footprint, cuja missão é promover estudos relacionados ao consumo de água ao redor do mundo.
Este conceito indicativo também pode ser chamado de pegada hídrica de produtos, pois sua função consiste justamente em medir o consumo de água oculto, invisível aos olhos das pessoas, mas cujos impactos ambientes são extremamente relevantes.
A referida organização divide a pegada hídrica em três grandes grupos: azul — correspondente ao nível de rios, lençóis freáticos e lagos, utilizada para irrigação de plantações e resfriamento de grandes data centers —, verde (relativa à água das chuvas e fundamental para o crescimento de plantas) e a cinza, que representa a quantidade de água necessária para que determinado poluente seja diluído a concentrações aceitáveis.
Todos esses tipos de pegada hídrica estão relacionados ao consumo, pois enquanto a azul é necessária a produção de alimentos, a verde recai sobre a produção de matéria-prima e a cinza fundamental para a eliminação de poluentes gerados pelos processos produtivos, despertando cidadãos e empresas para a importância do indicador.
A pegada hídrica de produtos em números
De modo geral, a água é essencial para todos os processos produtivos, bem como para a manutenção da vida, e o indicador em questão é uma das formas de despertar as pessoas para esse papel vital.
Para se ter ideia, cada habitante brasileiro consome 2.027 metros cúbicos de água ao ano. Além disso, 9% de toda a pegada hídrica do País vêm de fora, por meio de produtos importados. Considerando que esse excesso de consumo de água é algo que ocorre em escala mundial, como algumas das consequências há mais de 2,7 bilhões de pessoas com dificuldades de acesso à água, além de um intenso processo de desertificação que afeta grande parte do continente africano e outros locais pelo mundo.
De acordo com estudo intitulado Água: debate estratégico para brasileiros e angolanos, conduzido pelo professor da USP Maurício Waldman, a agricultura é a atividade que mais gasta água, sendo responsável por cerca de 70% de todo o consumo, seguida pela indústria (aproximadamente 24%) e uso doméstico (de 8% a 10%).
Diante desses números alarmantes, a pegada hídrica de produtos exerce um papel que ultrapassa o de indicador, despertando as empresas para a importância de minimizar o consumo de água em processos produtivos. Além disso, esse dado desperta as pessoas comuns para a vitalidade de adotar atitudes individuais relacionadas ao consumo consciente de água.
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