Invenção contribui para remover rapidamente microgotas de óleo das águas residuais, um avanço que pode ajudar a limpar os resíduos da perfuração de petróleo
Estima-se que uma perfuração de petróleo no fundo do mar seja capaz de contaminar até 100 bilhões de barris de águas residuais a cada ano. Isso ocorre porque esta prática libera pequenas gotículas de óleo na água circundante, provocando a poluição.
Preocupados com esta estatística, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, e do Imperial College London, na Inglaterra, desenvolveram uma esponja que, segundo eles, é capaz de remover mais de 90% das micropartículas de óleo das águas residuais em apenas dez minutos. Após coletar o óleo, a esponja pode ser tratada com um solvente, liberando o óleo em local apropriado.
A pesquisa foi publicada na Nature Sustainability e mostra que o óleo absorvido pela esponja pode ser enviado para a reciclagem e a esponja pode ser usada outras vezes.
O material passou por vários testes até que os pesquisadores conseguiram chegar no resultado atual. De acordo com uma das autoras da pesquisa, Dra. Pavani Cherukupally, o material utilizado na criação da esponja foi o poliuretano, um polímero versátil e que tem uma textura muito semelhante à espuma. A equipe ajustou cuidadosamente o tamanho dos poros e a composição química da superfície, adicionando silício nanocristalino, uma substância que ajuda a controlar a área superficial da esponja, melhorando sua capacidade de capturar e reter gotículas de óleo.
Com isso, foi possível obter um material capaz de absorver as gotículas de óleo, sem impedir a passagem da água.
Embora a invenção tenha sido projetada para águas residuais industriais, sua adaptação para as águas doces ou marinhas pode contribuir muito para reduzir os danos ambientais relacionados ao derramamento de óleo, como o que ocorreu no Nordeste brasileiro em agosto do ano passado.
Este desastre ambiental foi um dos maiores já ocorridos no Brasil, afetando mais de 3 mil quilômetros da costa litorânea brasileira. A mancha de óleo se espalhou por praias e mangues da costa nordeste, chegando a áreas marinhas protegidas como o Parque Nacional de Abrolhos, um dos principais bancos de corais e berços de biodiversidade marinha do Atlântico Sul. A origem da poluição ainda é desconhecida.
Mais pesquisas
Mesmo já conseguindo um material eficaz na absorção do óleo, os pesquisadores continuam aprimorando o desempenho da esponja e agora investigam como esse material pode ajudar a remover bactérias da água salgada. Além disso, eles querem que esta solução seja utilizada para tratar a contaminação provocada por indústrias de gás, mineração e têxtil, além disso, desejam tornar essa tecnologia acessível para uso nos países em desenvolvimento, principalmente para limpar os rios contaminados por metais pesados e outros patógenos.