O que é, o que é? Um material feito pelo homem, que pode ser encontrado na terra, no ar e nas trincheiras mais profundas do oceano, tão durável que a maior parte do que foi criado, que ainda está presente nosso ecossistema e que, tendo entrado na cadeia alimentar, permeia até os nossos corpos, fluindo do sangue até os órgãos, chegando até mesmo à placenta humana?
Se você pensou no plástico, acertou. Todos os anos, mais de 380 milhões de toneladas de plástico são produzidas em todo o mundo – mais de 100 vezes o peso de toda a população de baleias azuis. A gente sabe que esse consumo todo tem um custo ambiental muito grande. Por causa disso, os esforços de pesquisas recentes têm se concentrado em abordar essas crescentes preocupações ambientais. Uma delas é a reciclagem química.
O valor do plástico
Para superar as enormes preocupações ambientais criadas pelo plástico, precisamos começar a valorizar os resíduos de plástico como um recurso. Afinal, o lixo plástico contém valor na forma de ligações químicas estáveis, então, pelo menos, devemos tentar recuperar essa energia. Na verdade, a estabilidade dessas ligações é o motivo pelo qual os plásticos permanecem por tanto tempo no meio ambiente.
O mundo atualmente depende da reciclagem mecânica, onde os plásticos são separados, derretidos e remoldados para criar principalmente produtos plásticos que, por conta do próprio processo, têm qualidade inferior ao original. Isso porque, cada vez que um pedaço de plástico é reciclado, suas propriedades de desempenho são afetadas negativamente – o que limita o número de vezes que um pedaço desse material pode ser reciclado.
Para garantir que o plástico mantenha seu valor no longo prazo, precisamos de estratégias alternativas de reciclagem. A reciclagem química oferece o potencial de reciclabilidade infinita. Mas o desafio está em alcançá-lo de forma sustentável e econômica em grande escala. Os métodos tradicionais são geralmente caros e consomem muita energia ou recursos, o que tem limitado seu uso generalizado.
Reciclagem Química
Os plásticos são feitos de moléculas de cadeia longa conhecidas como polímeros, que consistem em blocos de construção repetitivos menores chamados monômeros. Esses monômeros vêm em diferentes formas e tamanhos, e a ligação entre eles determina as propriedades do material plástico – como temperatura de fusão e tenacidade – o que afeta a maneira como ele é usado.
Enquanto a reciclagem mecânica envolve fusão, a reciclagem química depende de uma transformação para quebrar as ligações entre os monômeros. Como ela decompõe o plástico em nível molecular, o monômero pode ser recuperado e transformado em outros produtos químicos de alto valor na reciclagem. Mas há tipos de plástico, pela característica dos materiais que o compõem, que são mais difíceis de serem reciclados quimicamente.
Nesses casos, é aplicado um processo diferente da queima, que depende de altas temperaturas de reação, para produzir combustíveis e ceras.
Olhando para a frente
Dado ao uso diversificado de plástico pelas sociedades, uma abordagem de solução única para todos não é viável. Estratégias de reciclagem diversificadas e personalizadas são necessárias tanto para os plásticos existentes quanto para os novos plásticos emergentes. No entanto, operações de reciclagem de produtos químicos em escala comercial estão em andamento.
No futuro, esperamos que a reciclagem química complemente sua contraparte mecânica, especialmente para materiais difíceis de reciclar, como filmes finos. Uma coisa é certa, os plásticos vieram para ficar. Com produção estimada em mais de um bilhão de toneladas até 2050, a reciclagem de produtos químicos promete ser um espaço empolgante de se observar.