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Energia gerada por biomassa deve atingir patamar inédito até 2028

Um levantamento feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indica que a geração de energia por meio da biomassa deve atingir mais de 2.169,93 megawatts (MW) até 2028, com a inauguração de 41 novas usinas.

A ideia é aumentar a participação da biomassa na matriz energética brasileira que, atualmente, é de 8,8%.

Vale destacar que o incremento de energia por biomassa ao Sistema Elétrico Interligado Nacional supera a expectativa quando comparado com o de fontes hidrelétricas, que não deve passar de 1.406,14 MW no mesmo período.

Além disso, são esperados acréscimos ainda maiores para outras fontes renováveis como as fontes eólicas, que deve  aumentar 13.123,78 MW e solar, que deve aumentar 32.284,36 MW.

Energia de biomassa

Diferente dos combustíveis fósseis como o petróleo, que são resultado de transformações que levam milhões de anos para ocorrer, a biomassa se refere apenas aos derivados mais recentes de organismos vivos como, por exemplo, lenha, bagaço de cana-de-açúcar, lodo de estações de tratamento de esgoto, papéis e papelões já utilizados, entre outros.

Sendo assim, a energia de biomassa provém da queima de matéria-prima orgânica de origem animal ou vegetal, podendo gerar energia elétrica, calor e mecânica.

Não é à toa que muitos a consideram a forma mais antiga de obtenção de energia, considerando que nossos ancestrais utilizavam materiais orgânicos como gravetos para obter calor por meio da combustão.

Renovável e neutra em carbono

Um grande diferencial da energia de biomassa é o fato dela ser renovável e com emissões de carbono praticamente nulas.

Em entrevista ao portal Terra, Marcelo Paiva Ultra, gerente de projetos, com especialização em fontes renováveis de energia, explica que a emissão de dióxido de carbono (CO2) durante a combustão da biomassa é neutralizado pela captura do gás feita pela vegetação de onde foi extraída durante seu ciclo de vida.

“Entende-se que a quantidade de dióxido de carbono gerado na combustão da biomassa é a mesma quantidade de CO2 que a vegetação absorveu no processo de fotossíntese, durante todo seu ciclo de vida. Desta forma, na combustão desse tipo de biomassa pode-se considerar que a emissão de CO2 é nula, face ao balanço exposto”, afirma o especialista.


Poda de árvores pode alavancar biomassa nacional

Especialistas têm alertado sobre o potencial do uso de pellets de madeira para alavancar a produção de biomassa. Um estudo publicado pela Bioenergy Europe e realizado pela Report Pellet, indicou que a Europa é a região que mais produz o material, correspondendo a 44% da produção mundial em 2020.

De olho nas oportunidades para o mercado nacional, o curso de pós-graduação em Energias Renováveis, Geração Distribuída e Eficiência Energética da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo propôs um projeto de construção e operação de uma fábrica brasileira para produção de pellets de madeira a partir dos resíduos de poda de árvores urbanas.

“A poda urbana é um dos manejos vitais e inerentes a todo o ciclo de vida das árvores na urbanização das cidades. Os resíduos, fruto da poda urbana, são uma realidade nas cidades e precisam ser tratados ou descartados. Infelizmente, em algumas cidades brasileiras, grande parte dos resíduos são descartados de forma incorreta em aterros e lixões, sem o aproveitamento do imenso potencial para a geração de energia. Com o projeto proposto, todos esses resíduos deixariam de ser um “problema”, sendo utilizados na fabricação de pellets de madeira e transformados em energia limpa”, comenta Ultra.

O gerente de projetos complementa dizendo que é importante que, ao adotar o sistema, sejam garantidas as licenças ambientais de acordo com as normas vigentes, incluindo a utilização de filtros e outros dispositivos essenciais para o controle de gases tóxicos e partículas, além de realizar a correta destinação dos resíduos após a queima dos biocombustíveis.

A ampliação do uso da energia de biomassa na matriz brasileira está de acordo com o compromisso firmado pelo Brasil em diferentes fóruns – como o Protocolo de Quioto, o Acordo de Paris e a COP26  – em reduzir a geração de energia por meio de fontes que emitem gases do efeito estufa. Portanto, se a estimativa da  Agência Nacional de Energia Elétrica se tornar realidade, certamente, o futuro do país será promissor.  

Fontes: Esfera Blog | Terra

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