A pandemia da COVID-19 teve um impacto devastador em muitos sentidos e, ao mesmo tempo, escancarou a necessidade de se colocar a temática da sustentabilidade no topo das prioridades de governos e empresas.
Conforme as nações pressionam o botão “restart”, elas precisam direcionar seus investimentos para uma recuperação verde e saudável, que é o melhor seguro contra desastres futuros. Até porque não podemos nos dar ao luxo de voltar ao “business as usual” e continuar a buscar um modelo de crescimento insustentável e com alto teor de carbono.
À medida que “reconstruímos melhor”, devemos ter o cuidado de garantir que as energias renováveis e outras tecnologias limpas estejam no centro das estratégias de reconstrução.
Impacto da COVID-19 no uso futuro de energia renovável
As restrições de bloqueio implementadas devido à pandemia do coronavírus levaram a um declínio de 8% nas emissões relacionadas à energia e 6% na demanda de energia, o que por sua vez levou a um aumento na participação das energias renováveis na geração de eletricidade. O consumo de energia renovável nos EUA aumentou 40% e 45% na Índia durante as primeiras dez semanas de bloqueio.
A geração global de energia renovável aumentou 3%, principalmente impulsionada por novos projetos solares e eólicos que entraram em operação no ano passado. Além disso, 13 países concederam uma nova adição de capacidade renovável de aproximadamente 50 GW no primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia.
Energia renovável como aceleradores da economia
Um caminho de crescimento de baixo carbono pode estimular a economia, bem como mitigar os riscos climáticos. A energia renovável pode revitalizar a economia criando empregos “verdes”, garantindo mais segurança energética. A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) estima que a transformação dos sistemas de energia com base em energias renováveis poderia aumentar o PIB global em 98 trilhões de dólares até 2050 e criar 63 milhões de novos empregos em todo o mundo.
Uma mudança para as energias renováveis pode ajudar países como a Índia e a China a economizar por meio de uma redução drástica em suas contas de importação. Mesmo que metade da energia renovável gerada seja usada para substituir o carvão importado, a Índia pode economizar mais de 90 bilhões de dólares entre 2021 e 2030. Como uma importante fonte de emissões prejudiciais, o carvão sempre foi associado a consequências negativas. O fato de que as energias renováveis são agora a alternativa mais barata na maioria dos países, passa a ser um bom motivo para canalizar os gastos com as importações de carvão e acelerar a adoção de energias renováveis. Também é essencial reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis onde eles ainda são significativamente grandes, especialmente com a queda dos preços do petróleo.
Por último, a recuperação impulsionada pelas energias renováveis contribuirá para um crescimento mais equitativo e inclusivo, melhorando o acesso à energia. Isso pode melhorar em muito os padrões de vida em comunidades carentes – garantindo a elas algumas comodidades básicas, como saúde, alimentação e água.
Ao fazer da transição energética um elemento integrante do plano de recuperação mais amplo, as nações passam a ter mais condições de absorver os choques causados por eventuais novas pandemias ou interrupções semelhantes. Ao reiniciarmos as economias, a cooperação em toda a comunidade global pode ajudar a estruturar um plano de ação para garantir o financiamento adequado e, enfim, acelerar a recuperação verde em todo o planeta.
Fontes: Power Technology | World Economic Forum