Uma pesquisa, que partiu do Centro de Pesquisa e Tecnologia de Materiais Sustentáveis (conhecido como SMaRT), da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, encontrou uma maneira de melhorar a produção e a reciclagem do alumínio de embalagens de alimentos e das cápsulas de café.
A descoberta permite recuperar o alumínio de embalagens poliméricas (aquelas que contêm filme de alumínio), reciclando este material de maneira sustentável. Esse tipo de embalagem é bastante comum para o acondicionamento de alimentos.
A pesquisa foi publicada em duas renomadas revistas científicas, a Springer Nature e o Journal of Cleaner Production.
A tecnologia
A tecnologia utilizada pelos pesquisadores australianos chama-se Thermal Disengagement Technology (Tecnologia de Desengate Térmico), uma técnica de microreciclagem inovadora, eficiente e sustentável, que separa os componentes dessas embalagens. O TDT é capaz de transformar o alumínio contidos nestas embalagens em um metal limpo e verde, permitindo que seja usado como um componente de alta qualidade para a fabricação de outros produtos, com contaminação mínima e zero desperdício.
Os polímeros laminados na superfície metálica exigem, essencialmente, esforço e energia extra para que o metal seja reciclado em sua forma original. O nível de pureza do alumínio recuperado com esta técnica, de acordo com o estudo, ficou entre 96% e 99%.
Uma das professoras responsáveis pelo estudo, Veena Sahajwalla, afirma que “o uso dessa tecnologia de recuperação de resíduos pode criar novas cadeias de suprimentos e empregos, uma vez que não necessita ser realizada em grande escala e não custa caro. É por isso que vejo um futuro onde a reciclagem e a manufatura estão alinhadas, onde o lixo e a reciclagem se tornam parte da cadeia de abastecimento da manufatura”.
A SMaRT já vem ajudando a criar essas novas cadeias de abastecimento, alinhando esses setores. Recentemente ela conectou um reciclador de lixo eletrônico diretamente a uma siderúrgica, contribuindo para que metais e plásticos subvalorizados – que seriam encaminhados aos aterros ou para incineração -, fossem utilizados como matéria-prima.
Em muitos países, embalagens desse tipo vão parar nos aterros por conta do baixo valor agregado e, por isso, acabam não atraindo o interesse dos recicladores. No entanto, se esta técnica for difundida, este cenário pode ser bem diferente, e as embalagens compostas por alumínio e plástico terão um maior aproveitamento, beneficiando tanto a economia como o meio ambiente.