Em resposta à preocupação com os efeitos ambientais da atividade, o país se torna o primeiro do mundo a bani-la.
Em uma iniciativa pioneira no mundo, a província argentina da Terra do Fogo aprovou por unanimidade um projeto de lei que proíbe a criação de salmão em águas provinciais, marinhas e lacustres em seu território.
De acordo com a organização ambientalista Rewilding Argentina, as concessões de cultivo de salmão teriam ameaçado as florestas de macroalgas da região, que atuam como sumidouros de carbono. Para a ONG, a criação ameaça não apenas o meio ambiente, mas também a saúde e a economia de seus habitantes.
Tudo começou em março de 2018, quando foram assinados acordos entre a instituições norueguesas, o Ministério da Agricultura e Indústria da Argentina, a Fundação Argentina para a Promoção de Investimentos e Comércio Internacional e a província de Tierra del Fuego, na qual as partes se comprometeram a estudar as possibilidades de desenvolvimento da aquicultura local de salmão. O movimento foi abraçado não apenas por organizações ambientais, mas por chefes renomados, políticos e até grupos indígenas.
Destruição ambiental da criação de salmão
A criação de salmão está associada a uma série de danos ambientais, desde a destruição da fauna local até o enredamento de animais marinhos. Além disso, doenças e parasitas das fazendas passam pela malha e poluem a água e o fundo do mar ao redor. Outro problema com as fazendas de peixes é o uso liberal de drogas e antibióticos para controlar surtos de bactérias e parasitas. Esses produtos químicos principalmente sintéticos se espalham nos ecossistemas marinhos apenas por flutuar na coluna de água.
Um curral com 200 mil peixes produz uma enorme quantidade de resíduos. Na natureza, os dejetos animais não são prejudiciais; na verdade, muitas vezes é benéfico. Mas grandes concentrações podem ser destrutivas.
Especialmente nocivos são os piolhos do mar que se fixam no salmão selvagem juvenil podendo matá-lo. Também exacerba a proliferação de algas tóxicas que costumam ser conhecidas como “maré vermelha”.
Além disso, milhões de peixes de viveiro escapam das fazendas de peixes todos os anos em todo o mundo e se misturam em populações selvagens. Um estudo de 2016 conduzido na Noruega relatou que muitas populações de salmão selvagem já possuem material genético de peixes cultivados, o que pode enfraquecer os estoques selvagens.
Lutando pela proteção do oceano em todo o mundo
A decisão pode colocar mais pressão sobre o Chile, para que adote medidas semelhantes. Ativistas dizem que a Argentina está dando o exemplo para o resto do mundo e acredita-se que a proibição da criação de salmão será crucial para proteger a vida selvagem e o meio ambiente da região.
Fontes: Green Queen| Deutsche Welle | SeafoodSource