Que o Brasil foi um dos países que mais se valeu em seu passado da mão de obra escrava, isso todos nós sabemos. Todavia, pensar que até hoje casos de escravidão estão presentes em nossa realidade, e, mais do que isso, são até comuns, é, de fato, estarrecedor.
Segundo especialistas que mapearam os casos e as muitas situações análogas à escravidão existentes no Brasil, há forte relação entre situação de trabalho escravo e desmatamento.
Além disso, salienta-se que boa parte dos resgates desses trabalhadores ocorreu em áreas de difícil acesso, em locais de abertura de fronteira agrícola, principalmente nas bordas da Amazônia Legal.
Outro fator importante envolvido no processo de super-exploração de trabalhadores é ligado a abertura de pastos para o desenvolvimento da pecuária, sendo, na grande maioria das vezes, os pecuaristas os maiores mantenedores de trabalhadores em situações de escravidão.
Para se ter ideia, segundo o MTE (Ministério do Trabalho e do Emprego), mais de um terço das libertações de trabalhadores escravizados no ano de 2012 ocorreu dentro dos limites da Amazônia Legal, especialmente em fazendas de pecuária.
Ainda no ano de 2012 foram registrados mais de 150 flagrantes de trabalhos análogos à escravidão, sendo que, desse total, 54 casos envolviam a pecuária da região da Amazônia Legal.
Principais atividades realizadas pelos trabalhadores escravizados:
– Limpeza do pasto;
– Manutenção de cercas;
– Outras atividades ligadas à pecuária;
– Produção de carvão;
– Produção de ferro;
– Produção de aço.
Ainda na região da Amazônia Legal também foram registrados casos de trabalhadores escravizados envolvidos em trabalhos diversos, tais como a produção ilegal de carvão, produção de aço e de ferro.
Outros Estados brasileiros que também concentram muitos casos de trabalhos análogos à escravidão são Pará e Mato Grosso, a grande maioria desses casos, inclusive, ligados à pecuária, uma vez que nesses Estados há em torno de 50 milhões de cabeças de gado espalhadas em fazendas.
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