A revitalização urbana consiste na recuperação de áreas urbanas que estão abandonadas, subutilizadas ou vêm sendo degradadas ao longo do tempo. Esse processo pode ser feito por meio de reconstruções, reestruturações e reformas para transformar as instalações antigas em modernas.

Ligada ao planejamento estratégico integrado e ao plano diretor do município, a revitalização urbana pode incluir mudanças nas edificações, no transporte e na infraestrutura de uma determinada área, atribuindo funções e elementos urbanísticos ou naturais.

Os objetivos e benefícios deste processo de recuperação envolvem o aprimoramento das atividades produtivas da área, revitalização das habitações e das áreas de lazer, melhoria da qualidade de vida na cidade, reutilização da infraestrutura existente, aumento da coesão social, promoção da sustentabilidade ambiental, melhoria da qualidade do ar, das águas e do solo.

Os resultados alcançados variam dependendo do grau de complexidade de cada projeto e dos diferentes interesses e demandas da região. Com um mundo cada vez mais preocupado com o bem-estar das pessoas e em aproveitar todas as áreas urbanas, a revitalização se faz cada vez mais necessária.

Exemplos de ações de revitalização urbana

Hoje já existe uma série de projetos de revitalização concluídos e em andamento para a modernização de centros urbanos, áreas portuárias e outros locais. Conheça alguns exemplos de projeto que prometem virar tendência no futuro:

Fresh Kills Park – Estados Unidos

Este parque, localizado em Staten Island, Nova York, é um exemplo de aterro sanitário que foi recuperado. Criado em 1946, o Fresh Kills Landfill ficou conhecido como “the forgotten borough” (o bairro esquecido). A partir de 2001, foi colocado em prática um plano de revitalização em longo prazo, com o objetivo de recuperar a área e devolvê-la à população.

O projeto do Fresh Kills Park tem áreas de lazer outdoor, como espaços para passeios a cavalo, trilhas, quadras esportivas, caiaque, parques para as crianças e exposições ao ar livre. Além disso, as barcaças que carregavam o lixo pelos canais foram transformadas em jardins flutuantes. Com a volta da fauna e flora originais, há até uma torre para observação de pássaros.

Sendo um refúgio verde em Nova York e modelo de sustentabilidade, o parque ainda utiliza os resíduos de metano do aterro sanitário para fornecer energia para milhares de casas da região.

O Fresh Kills Park ainda está sendo construído, mas foi aberto ao público em 2011. O projeto vai orientar a transformação dos aterros sanitários em parques ao longo dos próximos 30 anos.

Rio Cheonggyecheon – Coreia do Sul

O projeto de revitalização urbana do entorno do Rio Cheonggyecheon, em Seul, é considerado referência mundial não apenas pela despoluição das águas, mas pela construção de parques lineares que transformaram o espaço em um local de convivência social.

Antigamente, este rio fazia parte do cotidiano dos habitantes de Seul, mas devido à degradação sofrida por intervenções humanas e problemas de saneamento, em 1958, o Cheonggyecheon foi coberto para dar lugar a uma rodovia elevada.

A partir daí, veio a desvalorização da região, que afastou os moradores e as empresas. Com o tempo, a estrutura da rodovia corria o risco de não suportar mais o tráfego local, e o governo optou pela recuperação do rio e a revitalização urbana.

A obra começou em 1999: o viaduto foi derrubado e foram devolvidos à cidade 400 hectares de áreas verdes, distribuídos ao longo de oito quilômetros. Foi instaurada também uma nova política de transporte público, com a criação de um semianel viário para desviar o tráfego da área do antigo viaduto.

Dentre os resultados desta revitalização, podemos destacar a redução na poluição do ar, da água e da temperatura da região, melhoria da mobilidade urbana, expansão dos serviços de ônibus e valorização dos imóveis.

Centro histórico de Banyoles – Espanha

Responsável por recuperar a memória de Banyoles, na província de Girona, o projeto de revitalização da parte antiga da cidade devolveu identidade à região.

Banyoles cresceu em torno de uma rede de canais e com o passar dos anos, o centro histórico foi sendo negligenciado. A área deteriorada fazia com que pedestres e veículos circulassem juntos em ruas estreitas e sem pavimentação, enquanto os canais de irrigação da cidade acabaram se juntando ao sistema de esgoto.

A revitalização urbana da cidade aboliu o uso de veículos particulares no centro e restaurou os canais. A praça central e as ruas adjacentes foram renovadas, devolvendo o espaço para os pedestres. Os canais também foram tratados, descobertos em pontos estratégicos e alargados em determinadas áreas para que as crianças pudessem brincar.

Ao todo, o processo de revitalização de Banyoles levou cerca de 10 anos para ser concluído.

Porto Maravilha – Brasil

O Brasil também aparece na lista de países que possuem projetos de revitalização urbana. É o caso de Porto Maravilha, programa que visa a recuperação da região portuária e central da cidade do Rio de Janeiro, áreas que sofreram grande degradação a partir dos anos 1960.

Incentivado principalmente pelos Jogos Olímpicos de 2016, o Porto Maravilha está em andamento desde 2009 e se baseia em princípios de sustentabilidade, com a reestruturação de ruas, praças e avenidas, criação de novos equipamentos culturais, maior integração entre meios de transporte e recuperação do patrimônio histórico, trazendo melhoria na qualidade de vida dos moradores.

Uma das principais intervenções foi a demolição do Elevado da Perimetral, que durante anos contribuiu para a degradação da região. Outras ações são a construção do Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio (MAR), já inaugurados, além de um boulevard para pedestres na Avenida Rodrigues Alves.

O programa Porto Maravilha é responsável, ainda, pelo estabelecimento dos serviços de coleta seletiva de lixo, calçamento e iluminação da região até 2026.