Num processo chamado adsorção, pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Federal do Ceará (UFC) investigam se é possível capturar dióxido de carbono (CO2) de gases provenientes da combustão de biomassa da cana-de-açúcar.
A técnica em si já é utilizada para outras finalidades na indústria nacional e internacional, como, para limpar uma corrente de ar contaminada por amônia ou purificar gás natural, por exemplo. Porém, ainda não foi aplicado para capturar CO2 a partir da biomassa que gera o etanol. Essa é uma das novidades dessa pesquisa.
Atualmente, o processo de separação mais empregado pela indústria é o de absorção, ou seja, o gás passa por um líquido, que então captura o CO2. Entretanto, esse processo consome bastante energia. Já a adsorção é mais econômica em termos energéticos.
Pequena e grande escala
O projeto está sendo conduzido em duas frentes. Em uma delas, pesquisadores do departamento de Engenharia Química da UFC estudam o processo de adsorção de forma experimental em pequena escala.
Os pesquisadores farão experimentos para compreender como os gases da biomassa se comportam durante a adsorção, para que seja então possível entender de que forma é possível fazer a separação eficiente de CO2 na presença de impurezas. Em outra frente, pesquisadores da USP estudarão a viabilidade de aplicar a proposta em grande escala, como no caso de uma usina de cana-de-açúcar.
Por fim, os pesquisadores irão interligar os estudos experimentais e de modelagem para desenvolver métodos de projeto para a indústria. Os conhecimentos gerados vão permitir, por exemplo, que se ofereçam subsídios para empresas interessadas em construir equipamentos capazes de capturar CO2 de gases provenientes da combustão de biomassa da cana-de-açúcar. No futuro próximo, esses equipamentos poderão ser instalados em indústrias do setor sucroalcooleiro e contribuir para a produção do etanol verde, sem emissão de CO2.
Pode parecer complexa, mas a empreitada é baseada em processos já empregados em outros segmentos industriais e tem sólidas chances de chegar ao mercado nos próximos anos, o que é ótimo, porque o combustível feito da cana-de-açúcar libera em média 75% menos CO2 que a gasolina. É de se esperar, portanto, que o setor sucroenergético esteja vivendo a expectativa pelo êxito do trabalho desses pesquisadores. Afinal, as usinas querem o quanto antes se tornarem estações 100% descarbonizantes – o que ajuda o Brasil a se manter na linha de frente global em redução de gases de efeito estufa. Seguimos aqui na torcida!
Fontes: RPA News | Um Só Planeta