Com frota circulante estimada em 44,8 milhões de veículos e idade média de 9,7 anos, a reciclagem automotiva revela-se como um setor com grande potencial de mercado no Brasil e de grande relevância ambiental.
No país, porém, somente 1,5% da frota brasileira passa por esse procedimento. Estimativas dão conta de que peças automotivas recicladas equivalem a menos 3,700 kg de dióxido de carbono (CO²) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global.
Dependendo do estado do carro, 85% das peças podem ser reaproveitadas para reposição e o preço chega a ser um quinto do valor de uma peça nova. Itens como plásticos, vidros, óleos, pneus e metais, que correspondem a cerca de 10% de um veículo, também podem ser reciclados, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e o consumo de recursos naturais para fabricação de produtos novos. Apenas 5% do carro é descartado.
Além da questão financeira e ambiental, a reciclagem automotiva também contribui com a saúde pública, já que, quando a situação é de carros abandonados, há grande risco de proliferação de vetores, como por exemplo, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
A reciclagem
A ação de reciclagem inicia com a descontaminação do veículo, onde gases e fluídos são retirados do carro e recebem destinação ambientalmente correta. Em seguida, é feita a desmontagem, quando as peças são separadas, avaliadas e classificadas. Aquelas consideradas em perfeito estado ou com pequenas avarias, mas que não comprometem seu funcionamento, recebem um código digital que garante a sua procedência e rastreabilidade para serem direcionadas à venda. As demais, consideradas impróprias para revenda, são encaminhadas para outras empresas que fazem a reciclagem correta do material. Durante o processo de desmonte, fluídos e outros resíduos não passíveis de reaproveitamento devem ter destinação adequada e segura, para evitar contaminação do solo e da água.
Economia circular
A reciclagem e o reuso das peças de veículos atende aos princípios da economia circular: poupar os recursos naturais. Quanto menos peças precisarem ser fabricadas, menos minério de ferro e alumínio serão extraídos, além da redução no uso de água e eletricidade para novas produções. Já a reutilização das peças de plástico economiza petróleo.
Em muitos países, a prática da reciclagem automotiva é comum e exitosa. Na Argentina, no Japão e nos Estados Unidos, por exemplo, 95% dos carros que saem de circulação são reciclados.