O Brasil possui uma das maiores reservas de água doce superficial do planeta: 12%. Dito isso, é assustador verificar que — pela ausência de planejamento, investimento em saneamento básico e em planos urbanísticos — o Brasil é também um dos países onde se verifica uma das maiores taxas de água poluída.
Relacionada aos frequentes lançamentos de dejetos domésticos e industriais e ao controle e processo de destinação do lixo nas cidades, a poluição de rios e afluentes é preocupante. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008, apenas 30% dos municípios brasileiros contam com tratamento mínimo de esgoto. No Estado do Pará este índice desce para 4,2%.
Cada vez mais, portanto, torna-se necessária a criação de projetos relacionados à limpeza e preservação hídrica no País e questões de saneamento básico devem ser tratadas como questões de políticas públicas. Existem alguns exemplos de boas práticas, adotadas por países como Filipinas e Inglaterra, que demonstram ser possível a despoluição de grandes rios.
No caso filipino, o Canal Paco era considerado irrecuperável, um verdadeiro esgoto a céu aberto. O projeto de despoluição do canal foi criado pela empresa escocesa BiomatrixWater, e baseava-se no sistema ecológico de tratamento de água por meio da implantação dos chamados jardins flutuantes, ilhas artificiais de aproximadamente 110 m². Cobertas por plantas aquáticas capazes de filtrar os poluentes, sem a utilização de produtos químicos, estas ilhas desempenharam um papel fundamental no processo de revitalização hídrica. Hoje, o canal é referência positiva na paisagem de Manilla, capital do país.
Como mudar a situação brasileira?
Segundo o relatório da Comissão Mundial de Águas, entidade internacional ligada à ONU, dos 500 maiores rios do mundo, mais da metade é poluído. No Brasil, um dos casos mais assustadores é o do rio Tietê. Ao passar pela região metropolitana de São Paulo, o rio recebe cerca de 400 toneladas de esgoto por dia. Em seu leito, apenas sobrevivem organismos que não precisam de oxigênio, como algumas bactérias e fungos.
A fim de reverter esta situação, especialistas defendem a implantação de projetos sociais que visem a conscientização da população, a criação de políticas públicas sérias voltadas à preservação de mananciais e, principalmente, a realização de um projeto conciso de despoluição dos rios. Neste processo, a participação social é fundamental.