Iniciativa da marca global é boa: alerta os perigos do plástico e como isto afeta o planeta. Mas, existe o outro lado da moeda
O caminho rumo à sustentabilidade é longo, mas hoje felizmente existe uma série de iniciativas voltadas à pavimentação desse caminho. No entanto, nem todas elas pregam o que falam, pois a sustentabilidade se tornou um dos maiores gatilhos para atrair consumidores. Este é o caso da Planet ou Plastic, iniciativa do canal National Geographic que será explorada em detalhes abaixo.
Missão e objetivos da Planet or Plastic
O National Geographic é, ao mesmo tempo, um canal de televisão pago voltado ao meio ambiente e a fauna como um todo e uma revista bastante elogiada por profissionais e leitores.
Seguindo essa linha, recentemente a marca lançou a Planet or Plastic, seu mais recente produto editorial. Uma edição que visa discutir um dos maiores problemas ambientais da Terra: o plástico, maior poluidor de rios e oceanos, já que se estima que, anualmente, sejam lançados nos oceanos mais de oito milhões de toneladas do material altamente poluente, que libera diversas partículas tóxicas em sua decomposição e demora de 400 a 1.000 anos para se decompor.
Assim, o principal objetivo da revista é gerar consciência mundial do quanto o plástico é nocivo para o meio ambiente com reportagens que abordam a crise dos resíduos plásticos vivida atualmente, que expõem como o material afeta a vida marinha, iniciativas de comunidades que utilizam o plástico como matéria-prima de novos produtos, empreendedores que atuam com a reutilização do material, dentre outros tópicos.
Dessa maneira, a revista tinha tudo para ser um verdadeiro sucesso e, ao mesmo tempo, conseguir atingir seu objetivo, ou seja, contribuir para que a crise do plástico seja amenizada a partir do despertar da consciência de consumidores.
Contudo, não foi isso o que ocorreu na prática, uma vez que a Planet or Plastic gerou diversas críticas de autoridades e ambientalistas. Entenda abaixo o porquê dessas críticas.
Críticas à Planet or Plastic
A principal crítica a revista é que, assim como os demais produtos editoriais da marca National Geographic, chega ao domicílio dos assinantes embrulhado em plástico. Dificilmente esse plástico que protege os produtos será reutilizado, uma vez que a tendência da maioria das pessoas é rasgá-lo e jogá-lo fora – e muitas vezes não é separado e nem é reciclado.
Assim sendo, essa atitude da National Geographic contraria toda a missão de sua elogiada (e agora criticada) matéria, uma vez que também estão contribuindo para agravar a crise de plástico que o mundo vive, conforme a própria matéria de capa da edição vigente alerta.
Para sanar as críticas, a revista está chegando aos domicílios dos países Estados Unidos, Índia e Reino Unido com uma embalagem feita de papel, mais sustentável. No entanto, é necessário lembrar que se trata de uma marca global, que está presente em diversos outros países – incluindo o Brasil -, e que essa atitude apenas ameniza o problema quanto o ideal seria resolvê-lo.
Assim, mesmo tendo uma boa intenção como ponto de partida, a Planet or Plastic peca por não colocar seus próprios valores em prática, evidenciando o mecanismo que diversas outras marcas: a sustentabilidade apenas como propaganda e não como prática.