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Melhores processos, menos entulho

Um dos setores mais representativos da economia e que mais contribuem com a geração de empregos e serviços é o da construção civil que, sozinho, é responsável por 1/3 dos gases lançados na atmosfera. Não por acaso, é também um dos segmentos de mercados que mais geram impactos ao meio ambiente, não necessariamente pela grande quantidade de resíduos como resultado de sua atuação, mas principalmente pela falha nos formatos de administração, que devem considerar que toda e qualquer a obra tem um custo ambiental e financeiro.

Por isso, é importante ter o devido conhecimento sobre os resíduos gerados nas obras e é isso que você vai ver aqui neste artigo.

O entulho: tipos e classificações

Por definição, entulhos são os resquícios da demolição ou construção civil. De acordo com a Resolução CONAMA 307, art. 3º, eles são classificados nas classes A, B, C e D.

Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. São os componentes cerâmicos, argamassa, concreto, blocos de tijolos, tubos etc.

Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, como plástico, papel, metais, vidros e gessos.

Classe C: resíduos que ainda não foram desenvolvidos tecnologias que permitam sua reciclagem.

Classe D: resíduos perigosos derivados do processo de construção ou contaminados e prejudiciais à saúde. São resíduos como tinta, solvente, óleo, materiais que contenham amianto etc.

De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção e Demolição (ABRECON), os resíduos recicláveis para a produção de agregados são separados em três grupos:

Grupo I: materiais compostos de cimento, areia, cal, concreto, argamassa e blocos de concreto.

Grupo II: compostos cerâmicos como tijolos, azulejos, telas e manilhas.

Grupo III: são os materiais não recicláveis, como a madeira, matéria orgânica e isopor.

Para que possam ser reciclados ou reutilizados, os resíduos devem estar o mais limpos possível. A reciclagem é feita pela triagem, trituração e classificação dos materiais e ela pode acontecer na própria obra mesmo, por meio de equipamentos de baixo custo.

Reciclar entulho é importante

A produção dos resíduos de entulho é cerca de duas vezes maior que a produção de resíduos urbanos. Além disso, estima-se que 50% do uso dos recursos naturais consumidos pela sociedade seja responsabilidade da construção civil. Só isso já são bons motivos para se praticar a reciclagem. E para isso, é importante considerar que os entulhos não podem ser descartados de forma convencional. Em algumas cidades, existem pontos de recolhimento para que se descarte corretamente.

Melhoria de processos
Ao melhorar os processos de uma construção, novas ideias são incorporadas e materiais que uma vez eram considerados entulhos, como aqueles provenientes de demolição, passam a ser alternativas para reciclagem ou reutilização, até mesmo para ser usado na forma de agregados ou destinados a áreas de aterro. O entulho processado possui diversas aplicações, como pavimentação de estradas rurais, calçadas, blocos, tijolos ecológicos, tubos, acertos topográficos de terrenos e até bancos de praça.

Ainda no contexto de melhoria, uma coisa que deve ser observada é o layout do canteiro, que precisa estar numa disposição adequada fisicamente para que auxilie na diminuição de resíduos e na produtividade e segurança da obra. Layouts produtivos exploram um processo sistêmico que considera o âmbito interno e o externo. O interno se refere ao arranjo físico do canteiro, ou seja, transporte, armazenagem e manuseio do material dentro da obra. Já o externo está relacionado aos fornecedores, isto é, ao planejamento e ao calendário de entrega (transporte e descarga na obra). Falando nisso, aqui também entra mais um ponto a ser considerado: a logística. 

A logística de uma obra não está somente relacionada à compra e recebimento de materiais, mas também para garantir o retorno dos insumos para a cadeia produtiva. É possível contar com o transporte de resíduos para que eles retornem à obra como bloco de concreto produzido com agregado reciclado, por exemplo. Assim, além da destinação correta das sobras, ainda é possível dispor de materiais úteis, reduzindo custos.

O Brasil produz cerca de 80 milhões de m³ de resíduos que vêm da construção civil e da demolição. Por isso, o gerenciamento estruturado é mais do que fundamental para contribuir para geração controlada controle deste tipo de resíduo, reduzindo o impacto ambiental e a degradação da vida urbana em aspectos como transportes, enchentes, poluição visual, proliferação de vetores de doenças, entre outros. 

Fontes: Estadão | Arch Daily |Terra

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